Editora: Gutenberg
Ano: 2014
Páginas: 304
Comecei lendo “Minha Metade Silenciosa” com o pensamento de que se tratava apenas de uma história de adolescentes, mas estava errada.
Realmente as primeiras páginas são um pouco cansativas, mas logo o autor muda o ritmo e começa a nos envolver.
Stark ou somente Palito, tem 14 anos e uma vida conturbada. O garoto sofre bullying devido a uma deficiência (falta de uma orelha) e, além disso, vive em um lar violento e opressivo.
Bosten, seu irmão, um adolescente rebelde, é a pessoa de quem Palito mais gosta no mundo. Os dois são muito amigos e tentam juntos superar a violência do pai. Bosten é super protetor com irmão. Com isso, o maior medo de Palito é ficar sem ele.
Até que um evento dramático com o pai leva Bosten a fugir de casa. Isso faz com que Palito tenha um amadurecimento muito forte em sua busca pelo irmão. Essa parte do livro é um pouco rápida e, pelos acontecimentos, acho que merecia uma abordagem maior. No entanto, não tira o brilho da história.
O livro é narrado em primeira pessoa e o autor de forma espetacular consegue passar para o leitor a deficiência auditiva de Palito. É como se você sentisse toda a limitação, os silêncios, é impossível de não se envolver totalmente com o personagem.
Interessante e com temas fortes, como bullying, violência doméstica, abusos entre outros, a história de Palito é transmitida de forma poética, e traz um enredo cheio de tristezas e, ao mesmo tempo, cheio de amor e amizade.
"Ela aprisionou meu coração dentro da minha cabeça. Tudo estava mudando. Tudo, menos aquela metade silenciosa da minha cabeça".